PB: Curso do Pronera recebe nota máxima do MEC
O curso de licenciatura em História, promovido através de convênio entre a Superintendência Regional Incra na Paraíba, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), obteve a nota máxima (cinco) na avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) realizada no final de agosto.
A formatura desta, que é segunda turma de licenciamento em História do convênio iniciada em 2007 com alunos da Paraíba e de mais 14 estados, deve acontecer no final deste ano. A primeira turma do curso começou em 2005, com 60 alunos de assentamentos paraibanos e de outros 18 estados brasileiros.
"Obter a nota máxima na avaliação do Inep foi muito importante para todos nós que fazemos o curso, professores e alunos, pois significa que o curso, apesar de destinado a um público específico, mantém a qualidade de ensino da UFPB. Isto também é um elemento fundamental para justificar a abertura de novas turmas", afirmou o coordenador do curso, Paulo Giovani Antonino Nunes.
Investimentos em educação
Na Paraíba, entre 1999 e 2011, o Pronera já investiu mais de R$11,7 milhões na implantação de 21 cursos que beneficiaram 3.403 alunos em três cursos de Educação de Jovens e Adultos (Eja); dois cursos de escolarização (1º segmento do ensino fundamental); oito cursos técnico-profissionalizantes em Agropecuária - com habilitações em Agricultura, Zootecnia e Agroindústria; um curso técnico de enfermagem; dois cursos normais de nível médio (magistério); duas turmas do curso de licenciatura em História; um curso de licenciatura em Ciências Agrárias; um curso de licenciatura em Pedagogia e um curso de especialização em Residência Agrária.
Os principais parceiros do Pronera na Paraíba são as instituições públicas de ensino: a UFPB, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a Escola Agrotécnica Federal de Sousa (EAFS).
Oportunidade
O ingresso nos cursos superiores do Pronera acontece através de um processo seletivo diferenciado, semelhante ao vestibular, com os mesmos critérios da Comissão Permanente de Vestibular (Coperve) da UFPB, mas destinado apenas a assentados da reforma agrária e do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNFC).
O curso é baseado na pedagogia da alternância, com a carga horária dividida em tempo escola, com aulas presenciais, equivalente a 70% da carga horária; e tempo comunidade, com aulas práticas nas comunidades às quais os alunos pertencem, equivalente a 30% da carga horária total do curso, proporcionando aos alunos a oportunidade de estudar e produzir, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da zona rural.
De acordo com Ângela Maria Duarte, uma das asseguradoras do Pronera na Paraíba, o programa é um importante instrumento de democratização do conhecimento no campo, já que propõe e apoia projetos de escolarização formal em todos os níveis, desde a alfabetização e escolarização de jovens e adultos, passando pelo ensino técnico de nível médio até o ensino superior e a pós-graduação. "Para a maioria dos alunos é a única oportunidade de conquistar um diploma de nível técnico e superior", afirmou Ângela Duarte.
De acordo com ela, os resultados mais visíveis do Pronera então na inserção social e na atuação dos alunos nas diversas comunidades."Hoje esses jovens são mais comprometidos politicamente com as mudanças das condições de vida das famílias no lugar onde residem ou trabalham. Essa postura se expressa como um raio de esperança para as novas gerações nos assentamentos, uma vez que a inclusão desses jovens no ensino superior gerou uma perspectiva de melhoria na educação, fortaleceu a luta pela ampliação da cobertura escolar e por melhores condições de ensino e aprendizagem no campo e para o campo", disse Ângela Duarte.
Realidade
Os benefícios vão mais além e, segundo ela, são percebidos tanto nas comunidades como nos municípios onde elas estão inseridas. "Temos certeza de que os assentamentos e os municípios direta ou indiretamente beneficiados com este curso ganharam profissionais qualificados, conhecedores da sua realidade e aptos a atuarem como sujeitos conscientes e responsáveis por importantes mudanças no meio em que vivem", afirmou.
O gaúcho Milton José Fronazieri, presidente da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrad) e coordenador pedagógico dos movimentos sociais do campo, foi um dos alunos formados na primeira turma do curso, em junho de 2008. Para Milton, concluir o curso promovido pelo Pronera e pela UFPB significou mais do que receber uma formação acadêmica. "O Curso de História não me transformou apenas em um professor, mas também me fez compreender melhor a luta pela terra e pela reforma agrária no nosso país".
Disciplina e organização
O professor da UFPB José Jonas Duarte da Costa, coordenador do Projeto de Formação de Educadores do Campo e responsável pelas turmas dos cursos de História e Pedagogia realizados em parceria com o Pronera, afirmou que a grande diferença entre os alunos do curso regular e as turmas do Pronera é que o bom rendimento dos agricultores é cobrado pela própria comunidade a que eles pertencem, o que os deixam motivados e totalmente dedicados ao curso.
A mesma opinião é dividida com o coordenador da segunda turma do Curso História, o professor Paulo Giovani Antonino Nunes, que destaca a disciplina e a organização dos estudantes do curso de Licenciatura em História PEC/MSC. "Os alunos do curso demonstram muita disciplina para os estudos, inclusive devido a uma organização interna e a cobranças que existem entre eles mesmos", afirmou, acrescentando que os alunos também recebem apoio, que permite que no período do tempo escola eles se dediquem integralmente aos estudos, e possuem a seu dispor todo o material didático solicitado pelos professores.
Autoestima e superação
De acordo com José Jonas Duarte da Costa, o Pronera é uma ação de educação que reverte múltiplos benefícios para as comunidades porque, entre outras coisas, o conhecimento é levado para a comunidade por pessoas da própria comunidade. "Um dos melhores aspectos do programa é justamente a ampliação da visão de mundo e da autoestima dessas pessoas, que dificilmente conseguiriam ter acesso a uma universidade pública", afirmou o professor José Jonas.
A superação dos limites e o crescimento pessoal de cada aluno do curso, que possui as mesmas disciplinas das turmas do curso de História que ingressarem através do vestibular convencional, é acompanhado de perto pela coordenação. "Existe, em parte da turma, algumas dificuldades que vêm da formação básica, mas percebemos que todos cresceram bastante no decorrer do curso", contou o coordenador do curso.
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